Serão questões fáceis de responder? O que dirias a quem te disse-se “eu sou o melhor amigo do meu filho”?

Quando eu parei para pensar, e quando digo “eu”, eu no meu papel de educadora do pré-escolar da Santa Casa da Misericórdia de Mogadouro, não tinha uma resposta direta, porque teria muito para dizer… Mas será assim para todas as pessoas? Será o meu significado do que é ser pai, mãe e amigo igual ao significado do que é ser pai, mãe e amigo para as outras pessoas?

Não é! Porque tal como aquela expressão de que todos vamos ao cinema, mas todos vemos filmes diferentes, as nossas construções de significados são diferentes.

São uma manta de retalho… vamos construindo o seu significado através de vários bocadinhos soltos que as pessoas nos vão explicando ou vamos percebendo pelo contexto. Em jeito de uniformização, e também por muita curiosidade de perceber o que o dicionário diz sobre o que é ser mãe e pai, palavras que não saem da nossa boca, ou pelo contrário, estão sempre a sair da nossa boca… recorri a ele, ao dicionário. Segundo este, um pai é aquele que procriou um ou mais filhos; progenitor. Já no sentido figurado, pai é o autor, é o chefe de uma série de descendentes, é um protetor. Mãe é uma mulher ou fêmea que teve um ou mais filhos. No sentido figurado é fonte, causa. Amigo, segundo o dicionário é aquele que ama ou que nos tem amizade; e amizade é afeição por uma pessoa, simpatia, dedicação, atração. Confesso que fiquei desiludida com o que o dicionário me disse. Em especial em relação à “mãe”. Acrescentando que o que salvou “pai” de uma “desilusão” igual foi a palavra “protetor”. O que me intriga por outro lado, porque uma mãe também é uma protetora….

Voltando à desilusão…estaria eu à espera de romantismo? Estaria eu à espera de ler nele a minha manta de retalhos? Limitou-se à biologia, ao científico, ao racional…. vamos ter que expandir, e neste caso com expandir refiro-me ir buscar as minhas experiências e aprendizagens. Sendo assim e recorrendo á minha manta de retalhos, ter um/a amigo/a, muitas vezes um/a melhor amigo/a, é ter alguém com quem pudemos contar para tudo e confiar segredos que nem aos pais queremos contar. São as pessoas que achamos que nos compreendem melhor, porque muitas vezes são nossos pares, ou seja, são da nossa idade, geração, turma, enfim, um monte de comunalidade.

Para mim ser amigo também é ser gentil, carinhoso, generoso, bom ouvinte… Os pais também são as pessoas com quem pudemos contar para tudo e na minha manta de retalhos num degrau superior aos amigos. Digo isto devido ao amor pelos seus filhos, que na boca dos pais é incondicional, mas consciente da existência de exceções, onde a ligação com os amigos se torna superior à ligação com os pais… Um pai e uma mãe têm características em comum com um amigo. A gentileza, a generosidade, a capacidade de ser um bom ouvinte….

Mas um pai e uma mãe também são educadores e como mencionado por Augusto Cury: “educar é uma tarefa de extrema complexidade, que pode ser mais difícil do que gerir uma empresa com milhares de funcionários ou uma nação com milhões de pessoas” Claro que um pai tem que ser amigo do seu filho, porque muitas características de um amigo estão incluídas no pacote do que é ser um pai e uma mãe, mas de facto, são papeis diferentes! Imaginem o paradoxo que seria o seguinte exemplo. Um pai/mãe está no seu papel de pai/mãe e impõe um certo limite ao seu filho depois de algo não muito feliz feito por ele.

Logo de seguida, encarna o papel de amigo do seu filho e diz: “olha que a tua mãe até está certa, não devias ter feito isso, mas agora deixa lá a tua mãe e vamos brincar…” Imaginem a enorme confusão que iria ser para um adulto, quanto mais para uma criança! Tudo isto para dizer que sim, um pai/mãe deve ser amigo do seu filho, mas dentro do seu papel de pai/mãe e deixar para o amigo o papel de amigo!

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